COM QUEBRA DE SAFRA, AGROINDÚSTRIA
AMENIZA QUEDA DO PIB DA SOJA E DO BIODIESEL
Depois
de avançar mais de 21% em 2023, o PIB da cadeia da soja e do biodiesel deve
diminuir 5,33% em 2024, devido à quebra da safra da soja e seus reflexos nos
agrosserviços. Em compensação, o bom desempenho esperado para a agroindústria,
impulsionado pelo biodiesel e pelas exportações de farelo de soja, que tem
reflexos positivos também nos agrosserviços, deve contribuir positivamente com
o PIB e impedir uma queda mais acentuada para a cadeia produtiva.
PIB TOTAL DA CADEIA PRODUTIVA
O
PIB total da cadeia produtiva deverá ser de R$ 422 bilhões em 2024,
representando 18% do PIB do agronegócio nacional e 3,9% da economia brasileira
como um todo. As informações são do levantamento realizado pelo Cepea (Centro
de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a
Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
ESTIMATIVAS
A
queda no PIB da soja está estimada em 13,07% e, para os agrosserviços, o PIB
pode cair 4,28% em 2024. Já para a agroindústria, o crescimento está estimado
em 2,95%, com avanços em todos os segmentos: 0,59% para o esmagamento e refino,
2,6% para as rações e expressivos 36,47% para o biodiesel. A maior demanda pelo
biocombustível se reflete positivamente no PIB do próprio subsegmento, assim
como influencia o bom resultado esperado para o PIB do esmagamento e refino.
PREÇOS RELATIVOS DA CADEIA PRODUTIVA
Os preços
relativos da cadeia produtiva registraram baixa na comparação entre os
primeiros trimestres de 2023 e de 2024, de modo que se estima recuo de 33,15%
da renda real. Com isso, o PIB deve ser de R$ 422 bilhões em 2024 – mesmo com a
queda importante, o valor ainda supera significativamente o patamar anterior à
pandemia.
MERCADO DE TRABALHO
A
população ocupada (PO) na cadeia produtiva da soja e do biodiesel iniciou 2024
com redução de 4,65% frente ao primeiro trimestre do ano anterior, atingindo
2,28 milhões de pessoas, acompanhando o comportamento do PIB. A baixa é
explicada pelos resultados negativos para a soja e para os agrosserviços,
amenizada pelo avanço do emprego nas indústrias. As participações da cadeia
produtiva na PO do agronegócio (9,69%) e na da economia brasileira (2,28%)
caíram marginalmente frente a 2023, embora ainda sejam as segundas maiores da
história.
COMÉRCIO EXTERIOR
No
primeiro trimestre de 2024, as exportações da cadeia de soja e do biodiesel
(soja in natura, farelo de soja, óleo de soja, glicerol, biodiesel e proteína
de soja) totalizaram 27,59 milhões de toneladas, 12,97% acima do mesmo
trimestre de 2023. Em contrapartida, o valor exportado recuou 11,33%,
totalizando US$ 12,42 bilhões, devido à queda dos preços de exportação (-21,51%
no período). Esse cenário é similar ao observado entre 2022 e 2023.
SOJA: OFERTA ELEVADA PRESSIONA COTAÇÕES
As
cotações da soja caíram na última semana. Segundo pesquisadores do Cepea, a
pressão vem da oferta elevada na safra 2023/24 da América do Sul e de
expectativas de que a temporada 2024/25 seja volumosa no Hemisfério Norte.
Diante das baixas, sojicultores brasileiros estiveram reticentes nas
negociações de grandes volumes no spot nacional. Esses agentes também estão
atentos à forte volatilidade cambial registrada nos últimos dias, o que, por
sua vez, pode favorecer as vendas nos próximos meses.
PREÇO DA SOJA NO PARANÁ
Em
julho, a média do Indicador ESALQ/BM&FBovespa – Paranaguá foi de R$
138,09/sc de 60 kg, 0,6% inferior à do mês anterior e 9% abaixo da de jul/23,
em termos reais (IGP-DI de jun/24). Para o Indicador CEPEA/ESALQ – Paraná, as
quedas foram de 0,4% no comparativo mensal e de 5,9% no anual, para R$ 133,07/sc
de 60 kg.
MILHO PARANAENSE EM ALTA
A
colheita do milho de segunda safra 2023/24 está se aproximando do final no
Paraná. E uma boa notícia para o produtor é que o preço recebido pela saca de
60 quilos fechou em R$ 49,96 nesta última semana, representando alta de 12%
sobre os R$ 44,51 pagos em agosto do ano passado.
MILHO EM CHICAGO
O
desempenho do preço no mercado interno caminhou no lado oposto ao que foi
observado na cotação da commodity na Bolsa de Chicago (EUA), que caiu 16% no
mesmo período. Em agosto do ano passado o bushel estava a US$ 479,50 e baixou
para US$ 401,62 agora. Bushel é a unidade internacional de medida de
mercadorias sólidas e secas. No caso do milho, um bushel equivale a 25,401
quilos (aen).
PODER DE COMPRA DE CAFEICULTORES
Os
preços do café seguem em elevados patamares no Brasil, mesmo diante da colheita
muito perto do fim e da entrada de grãos da safra 2024/25 no mercado. Segundo
pesquisadores do Cepea, esse cenário tem favorecido o poder de compra de
cafeicultores frente aos adubos. Em julho, produtores do Espírito Santo
conseguiram comprar uma tonelada de ureia com a venda de 2,05 sacas de robusta
do tipo 6, contra 4,45 sacas no mesmo mês do ano passado. No caso do arábica,
foram necessárias 2,1 sacas do café do tipo 6 para a compra de uma tonelada de
ureia na região do Cerrado Mineiro, abaixo das 3 sacas em igual período de
2023.
TRIGO: MÉDIA NO RS É A MAIOR DESDE
DEZ/22
Os
preços do trigo subiram expressivamente em julho, sobretudo no Rio Grande do
Sul, estado que registrou a maior média mensal desde dezembro/22, em termos
reais (IGP-DI de jun/24). Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário se deve
ao baixo excedente do cereal de boa qualidade e à menor umidade do solo em
grande parte do mês. Porém, o movimento de alta foi interrompido na última
semana, diante das chuvas nas áreas produtoras do RS. O preço médio do trigo no
RS foi de R$ 1.468,41/t em julho, superando em 3,3% o de junho e em 8,3% o de
julho/23, também em termos reais.
ARROZ: COTAÇÕES SOBEM PELO 4º MÊS
Em
julho, os preços do arroz em casca subiram pelo quarto mês consecutivo,
mantendo o movimento de recuperação e amenizando a queda anual acumulada para
7,3%, em termos nominais. Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio
sobretudo do maior interesse comprador de tradings com destino à exportação,
combinado à elevação do dólar. A disputa pelo produto também favoreceu ajustes
nos valores de ofertas de compra para atrair vendedores, principalmente para o
arroz depositado.
BOI: MERCADO COM NEGÓCIOS ESTÁVEIS
As
negociações pecuárias encerraram julho estáveis, refletindo o equilíbrio
efetivo das forças de oferta e demanda no mercado local. Segundo pesquisadores
do Cepea, como parte das escalas já está reservada com animais de
confinamentos, a busca por novos lotes no spot tem sido feita com muita
cautela. Com isso, a indústria consegue evitar novos ajustes da arroba num
momento de oferta reduzida, enquanto aguarda por definições nas vendas
domésticas de carne.
AUMENTO NO CONSUMO
No curtíssimo prazo, pesquisadores indicam que alguma expectativa de aumento de consumo até tem sido alimentada por agentes ligados à indústria, em função da proximidade do Dia dos Pais, mas, até o momento, não há mudanças importantes no segmento varejista. No acumulado de julho (até o dia 30), o Indicador do Boi Gordo CEPEA/B3 registrava alta de 3,3%, fechando a R$ 232,60.
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