Pesquisa com fungicidas multissítio e sítio-específico aponta os mais eficazes contra a ferrugem-asiática
Alta umidade relativa e
temperaturas amenas são favoráveis a proliferação do fungo - Foto:
Estudo foi feito pela Fundação MS para manejo da doença no sistema soja/milho safrinha
A cultura da soja é um dos
principais produtos da agricultura brasileira e, de acordo com informações do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a oleaginosa foi
cultivada na safra 2020/2021 em uma área total de 38,6 milhões de hectares em
todo o Brasil e tem estimativa de colheita de quase 135 milhões de toneladas.
Junto com a alta produtividade em todo o território nacional, tendo adaptabilidade
ao tipo de clima de cada região do país, a leguminosa é, também, alvo de
diversas pragas e doenças durante o período de desenvolvimento e, entre elas, a
mais agressiva é a ferrugem-asiática (Phakopsora parchyrhizi).
Visando possibilitar ao produtor
melhor planejamento para próxima safra, relatórios produzidos pela pesquisadora
Ma. Ana Claudia Ruschel Mochko, do setor de Fitopatologia e Nematologia da
Fundação MS, e divulgados no Portal do Associado, descreveram resultados de
pesquisa realizada na safra 20/21 para o combate da ferrugem-asiática.
A pesquisadora abordou a
utilização de produtos para o controle da doença em duas situações: com
fungicidas sítio-específico, que atuam em um único ponto da via metabólica de
um patógeno ou contra uma única proteína ou enzima, e multissítio, que agem
simultaneamente em diversos pontos do metabolismo do fungo.
No experimento com fungicidas
multissítio associados ao sítio-específico, a pesquisadora fez o levantamento
com 13 tratamentos e houve seis avaliações durante o período de estudo. Destes,
oito produtos tiveram eficácia superior a 80% e a utilização de ambos os
defensivos proporcionaram incremento de produtividade que variaram de 12,3% a
26,3%, sendo que seis deles tiveram resultados acima dos 20%.
Já o estudo somente com
fungicidas sítio-específico foi composto por 18 tratamentos, com seis
avaliações. Neste caso, oito produtos apresentaram os melhores resultados para
a redução da severidade e Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD) e
10 resultaram em maior incremento médio de rendimento de grãos.
A pesquisadora destaca que, além
do uso de fungicidas sítio-específico associado aos multissítio com maior
eficácia, o produtor deve se atentar para uma série de fatores que podem
reduzir a quantidade de inóculo presente no campo visando o escape das
lavouras, promovendo uma assincronia fenológica entre o hospedeiro e o
patógeno, como escolha do plantio, uso de cultivares precoces ou resistentes e
vazio sanitário.
A incidência da doença pode
ocorrer em qualquer fase de desenvolvimento da planta, antes do florescimento
ou fora do limite de residual de uma aplicação precoce, portanto a pulverização
preventiva é o meio mais eficaz de controle da ferrugem-asiática. No relatório
é possível identificar que nas três primeiras avaliações não houve incidência
da doença e os primeiros sintomas foram tardios, tendo maior ocorrência no
estágio R5. Por ser uma doença muito agressiva, a pesquisadora ressalta ainda
que o desenvolvimento do fungo no campo é acelerado.
“É um fungo que tem um ciclo
rápido e nós já identificamos muitos problemas de resistência desse fungo a
vários fungicidas, então é importante estar constantemente monitorando os
produtos, porque há pequenas variações ao longo dos anos que causam perda de eficácia
com o tempo”, destaca Ana.
A ferrugem-asiática é uma doença
que chegou ao país há cerca de 20 anos e é encontrada em todo o território
nacional. Levantamento do grupo Consórcio Antiferrugem mostra que na última
safra houveram ocorrências da doença em 15 municípios de Mato Grosso do Sul. O
estado foi o quarto com maior ocorrência pelo fungo, ficando atrás do Rio
Grande do Sul, Paraná e Bahia.
O levantamento do grupo demonstra
ainda que o custo médio para combate ao fungo é de US$ 2,8 bilhões por safra no
país.
A Fundação MS
A Fundação MS realiza trabalhos
de pesquisa aplicada em unidades distribuídas em Mato Grosso do Sul, na safra e
safrinha. Com atuação sempre pautada em demandas advindas dos produtores
rurais, em um sistema de trabalho conhecido por 2D´s (Demanda e difusão), os
pesquisadores realizam experimentos que visam o desenvolvimento, a
produtividade e a qualidade dos produtos.
Através do Conselho
Técnico-Científico (CTC) os problemas e desafios são levantados pelos membros,
os pesquisadores elaboram protocolos de pesquisa que são levados ao campo. Após
todo o manejo, colheita e tabulação dos dados, os resultados são apresentados
em cada uma das unidades de pesquisa por meio de eventos promovidos pela
Fundação MS: dias de campo, apresentações de resultados, no site, Portal do
Associado e Showtec.
A Fundação MS também atua com
parcerias e cooperações, testando eficiência, validação, posicionando e
auxiliando no desenvolvimento de produtos que estão em fase pré-comercial ou já
disponíveis no mercado, prestando serviços nas áreas de Manejo e Fertilidade do
Solo, Fitotecnia Soja, Fitotecnia Milho e Sorgo, Herbologia/Entomologia e
Nematologia/Fitopatologia.
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