A chegada da primavera traz consigo o encerramento das ondas mais frias de temperatura e o início do período marcado pelo calor. As consequências dessa mudança de estação são diversas, trazendo impactos significativos em muitos setores da economia. Uma das áreas que mais acaba sendo afetada por essa oscilação climática é a pecuária, que volta a conviver com a alta no número de carrapatos.
O avanço no número de pragas nesta época do ano se justifica pela retomada das condições ambientais consideradas propícias para esses seres. Isso porque, com as temperaturas mais amenas do inverno, o metabolismo dos carrapatos diminui, consequentemente, reduzindo também a sua atividade, ficando mais quietos no ambiente, sem se locomover ou subir no animal.
Sem esse tipo de conhecimento sobre os parasitas, muitos produtores imaginam que os carrapatos não sobrevivem ao inverno, o que, na verdade, é um grave erro estratégico. Não pensando nessa população de pragas que estava apenas quieta e com o metabolismo desacelerado, muitos pecuaristas acabam abandonando ou enfraquecendo o controle nessa época do ano, gerando uma série de problemas de médio e longo prazo que começarão a ser expostos com o início da nova estação.
As novas condições ambientais, que se resumem a temperaturas mais altas e chuvas, favorecem diretamente a proliferação dos carrapatos, as fêmeas já fecundadas passam a contar com o melhor cenário possível para se desprender dos animais e liberar os ovos no solo. Como se isso não bastasse, as condições ambientais facilitam ainda a eclosão das larvas provenientes dos ovos depositados durante as pastagens.
Sendo assim, essa combinação perigosa das condições favoráveis para proliferação da praga com o relaxamento do controle por parte dos pecuaristas no inverno, resulta num aumento vertiginoso nos danos causados pelo carrapato ao rebanho. Com cada fêmea do carrapato podendo colocar até três mil ovos, a sanidade e a produtividade dos bovinos ficam ameaçadas, já que em muitos casos pode haver perda de peso, redução de produção de leite, além de favorecer o desenvolvimento de doenças, principalmente a tristeza parasitária.
Diante desse cenário, muitas vezes os produtores acabam surpreendidos pela alta repentina na população de carrapatos durante este período e, sem a preparação adequada, sofrem fortes perdas financeiras com os animais adoecidos e infectados. Não à toa, um estudo divulgado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) mostra que a pecuária brasileira soma prejuízos anuais na casa dos US$ 2 bilhões graças à infestação do carrapato-do-boi, que causa doenças e problemas graves nos animais.
Como o pecuarista deve se preparar?
Dessa forma, está claro que a preocupação diante dos problemas causados pelos carrapatos exige não só uma atenção constante por parte do pecuarista, mas também um planejamento estruturado a partir do conhecimento de qual a maneira mais eficaz de se proteger do parasita em cada época do ano. Se tratando do inverno, por exemplo, é aconselhável que sejam tomadas medidas preventivas pensando no controle da infestação mesmo num momento de baixa atividade por parte dos carrapatos. Assim, quando as temperaturas começarem a subir a densidade parasitária estará controlada, facilitando o trabalho posterior.
Além de identificar qual a tática ideal para cada estação, é preciso pensar ainda qual será a ferramenta escolhida para esse trabalho. Digo isso porque o mercado atual oferece diferentes soluções com a finalidade de eliminar os parasitas. Após vários anos com os pesticidas sendo o queridinho dos produtores, atualmente esse papel cabe a estratégia chamada de controle biológico. Com a técnica de proteger os bovinos a partir de outros organismos vivos, essa prática consegue dizimar a densidade populacional dos parasitas sem oferecer riscos de falha ou criação de pragas resistentes, já que se trata de um processo natural.
Além disso, outro aspecto positivo atrelado ao controle biológico se dá pela garantia do bem-estar do gado, que não precisará entrar em contato com veneno ou outras soluções arriscadas. Além da segurança do rebanho, essa estratégia garante a economia dos produtores, que não correm o risco de descartar produtos por conta de contaminação, e a segurança dos aplicadores, que não precisam entrar em contato com produtos químicos.
*Amanda Saran é Zootecnista da startup brasileira de biotecnologia Decoy Smart Control, desenvolvedora de soluções biológicas para controle de pragas. Possui graduação em Zootecnia pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da UNESP, campus Jaboticabal.
via assessoria
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