Segundo especialista ouvido pelo Brasil 61, o principal prejuízo da pinta preta é a queda prematura de frutos; praga pode reduzir em até 85% a produção
A doença da pinta preta dos citros agora está presente em 35 municípios goianos. O número foi atualizado pela Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) através da Instrução Normativa (IN) n° 08/2023, depois de constatar a doença no município de Indiara, localizado no sul do estado.
A doença pinta preta ou mancha preta dos citros é causada pelo fungo Phyllosticta citricarpa (Guignardia citricarpa) — que pode se multiplicar e atingir além dos frutos, folhas e ramos, como explica o especialista em fitopatologia da UFMG e doutor em agronomia, Fernando Rocha.
“Esse fungo ataca principalmente nas fases iniciais do fruto, ainda verde, só que a gente não observa os sintomas. Esse fungo infecta a casca do fruto e com o tempo vai ocorrendo desenvolvimento da doença, que pode variar de 40 até 360 dias. Então é uma doença mais tardia, só que o produtor só vai ver outro sintoma quando o fruto está na fase de maturação. Ele ataca também ramos e folhas”, explica.
O especialista ainda destaca os principais sintomas da doença. “Os sintomas podem variar de acordo com as condições ambientais, o tipo de esporo do fungo e as condições de temperatura. Nós temos aí o nome da doença, que é o padrão, que é uma mancha preta, também chamada de mancha dura. Ela vai causar lesões de cor escura no formato mais ou menos arredondado e com centro mais claro. Quando a gente passa a mão nessa lesão, ela é lisa. Então, esse é o principal sintoma, mas podem ocorrer outros tipos de manchas, como por exemplo, manchas, sardenta, mancha virulenta”, diz.
“Como o fungo ataca principalmente os frutos na fase de maturação principalmente, limões, laranjas doces e de maturação tardia, ocorre queda prematura dos frutos. Vale ressaltar que essa doença não afeta a qualidade do suco, mas causa queda prematura. E isso dificulta muito a questão do manejo em que o produtor pode ter perdas de até 85% na produção”, frisa o agrônomo
De acordo com a Agrodefesa, a instrução para comercialização interna, propriedades rurais e viveiros produtores de citros devem seguir os critérios da Instrução Normativa Federal nº 3, de 8 de janeiro de 2008, que prevê “exigência para o trânsito e comercialização das mudas e frutos, de documentos fitossanitários como Autorização de Trânsito Vegetal – ATV (trânsito interestadual) e Permissão de Trânsito Vegetal – PTV (trânsito intraestadual). Há restrições também para vendas externas para mercados livres das doenças, como é o caso da Europa”.
Prevenção
O fungo causador da pinta preta pode chegar ao pomar de diversas formas, as mais comuns são: pelo vento, os esporos do fungo presentes nas folhas de citros podem ser levados pelo vento para outras plantas do mesmo pomar e de pomares vizinhos ou por resto de materiais vegetais com frutos e material de colheita contaminado.
O agrônomo Fernando Rocha ressalta que a prevenção é a melhor forma de combater o fungo.
“Quando o produtor pensa em plantar muda cítrica, ele tem que usar mudas sadias com os certificados livre da doença e plantar em locais que não têm a doença. Partindo do princípio de que uma vez que a doença já chegou no pomar dele, ele vai ter que tomar algumas providências. Primeiro o pomar dele tem que estar bem nutrido, adubado — uma boa adubação vai ajudar muito no controle – , fazer uma poda de plantas daninhas, retirar ramos contaminados frutos com esporões. Em seguida, medidas como, por exemplo, pulverizações com fungicidas. Essas pulverizações com fungicidas, elas são usadas principalmente para evitar que ocorra a doença e fazer um efeito curativo”.
Municípios
Conforme o especialista, a doença pode se estabelecer em todas as regiões brasileiras, porém as epidemias ocorrem em regiões de temperaturas elevadas e umidade alta durante períodos chuvosos.
Em Goiás, a doença está presente nos municípios de Pirenópolis, Anápolis, Hidrolândia, Piracanjuba, Morrinhos, Catalão, Inhumas, Bonfinópolis, Rio Verde, Bela Vista de Goiás, Goianápolis, Serranópolis, Aporé, Palmeiras de Goiás, Cromínia, Trindade, Itaberaí, Nerópolis, Campestre, Campo Limpo de Goiás, Campo Alegre de Goiás, Leopoldo de Bulhões, Caldazinha, Jataí, Itajá, Terezópolis de Goiás, Caturaí, Abadiânia, Caldas Novas, Flores de Goiás, Inaciolândia, Itauçu, Marzagão, Pontalina e Indiara.
De acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), no Brasil a doença está presente nos estados do Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.
Fonte: Brasil 61
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