Programa lançado na última segunda (22)
pelo governo federal quer aumentar produção de bens de valor agregado, ampliar
mecanização da agricultura familiar e diminuir dependência externa de insumos
da saúde
Aumentar a participação de produtos de
valor agregado no PIB agropecuário, tornando o Brasil menos dependente de bens
primários, é um dos objetivos da política de incentivo à industrialização
lançada pelo governo na última segunda-feira (22). A meta de aumentar a
participação do setor agroindustrial de 23% para 50% é uma das 12 que
balizam a iniciativa batizada de Nova Indústria Brasil (NIB).
Autor de um projeto de lei que
estabelece linhas gerais para uma política industrial, o deputado federal
Heitor Schuch (PSB-RS) diz que o desenvolvimento do Brasil depende da
retomada da indústria.
"Nós precisamos fazer essa
transformação, porque senão nós vamos ficar eternamente exportando um produto e
importando outro. Exportamos o petróleo para importar o diesel. Acho que o
governo brasileiro está 100% certo quando ele está trabalhando nessa
perspectiva de incentivar a indústria da transformação", defende.
Metas
O programa de fortalecimento à
indústria deve contar com R$ 300 bilhões em financiamentos ao setor até 2026. A
maior parte deles terá como origem o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES). A política é resultado do trabalho do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), que reúne 20 ministérios, o
BNDES e 21 entidades representativas da sociedade civil, do setor produtivo e
dos trabalhadores.
Segundo Rafael Lucchesi, diretor de
Desenvolvimento Industrial e Economia da Confederação Nacional da Indústria
(CNI), o fortalecimento do setor é um movimento que tem ocorrido em diversos
países, como Estados Unidos, China e Japão. "O jogo que está sendo jogado
entre as principais nações é a reindustrialização verde. Estão investindo
fortemente nisso. O Brasil não pode estar fora dessa janela de
oportunidade", avalia.
Lucchesi diz que o Brasil só tem a
ganhar com a retomada do protagonismo da indústria. "A indústria tem
cadeias mais longas, mais complexas, mais sofisticadas. É o setor que mais
investe em P&D (pesquisa e desenvolvimento), que mais exporta. Tudo isso
vai gerar um efeito muito potente para um desenvolvimento sustentável a longo
prazo. Isso vai ser o melhor para a sociedade brasileira, porque vai gerar mais
empregos", indica.
A NIB abrange seis áreas, que são:
agroindústria; complexo industrial de saúde; setores de infraestrutura;
transformação digital; bioeconomia e transição energética; e tecnologia de
defesa. Para cada uma delas há metas estabelecidas.
- Aumentar a participação do setor
agroindustrial no PIB agropecuário de 23% para 50%;
- Ampliar de 18% para 70% a mecanização dos
estabelecimentos de agricultura familiar;
- Suprir pelo menos 95% do mercado de máquinas e
equipamentos para a agricultura familiar com produção nacional;
- Garantir a sustentabilidade ambiental na
agroindústria;
- Ampliar a participação da produção no país de
42% para 70% das necessidades nacionais em medicamentos, vacinas,
equipamentos e dispositivos médicos, materiais e outros insumos e
tecnologias em saúde;
- Reduzir em 20% o tempo de deslocamento de casa
para o trabalho – atualmente esse tempo médio é de 4,8 horas semanais;
- Aumentar em 25 pontos percentuais a
participação da produção brasileira na cadeia da indústria do transporte
público sustentável — atualmente em 59% para ônibus elétricos;
- Transformar digitalmente 90% das empresas
industriais brasileiras;
- Promover a indústria verde, reduzindo em 30% a
emissão de CO2 por valor adicionado da indústria, atualmente em 107
milhões de toneladas por trilhão de dólares;
- Ampliar em 50% a participação dos
biocombustíveis na matriz energética de transportes, que hoje é de 21,4%;
- Aumentar o uso tecnológico e sustentável da
biodiversidade pela indústria em 1% ao ano;
- Obter autonomia na produção de 50% das
tecnologias críticas para a defesa, a partir da elaboração da lista dessas
tecnologias.
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