Por Pedro Basso
Maio
de 2024 já está marcado na alma dos gaúchos como o mês da maior tragédia do
Estado onde impactou famílias, os cenários do cotidiano das cidades e da
produção. Perdas sem precedentes que atingiu do campo à indústria, do comércio aos
empregos, sobretudo, deixou pessoas sem visão nítida do horizonte.
A
agricultura gaúcha é parte relevante dos resultados positivos que o Brasil tem
apresentado nos últimos 20 anos, diante do mercado internacional. O RS é a quarta
produção nacional de maior volume e qualidade. E será, justamente, o
aprendizado construído, até hoje, que vai ser a ‘Chama Criola’ – que nunca se
apaga – da motivação para a reconstrução.
Pedro Basso - Agrônomo e CEO da Sementes com Vigor
Temos
a consciência de que muitos desafios virão e processos para regenerar a terra
serão necessários. Uma fase longa, mas que deve ser seguida dentro das melhores
práticas de recuperação de solos, vegetação nativa e de rios e córregos. No
entanto, aqui no RS, há muita expertise e geração de conhecimento. A pesquisa
genética de sementes, é um exemplo do ativo que a agricultura gaúcha tem e que
pode ser um dos faróis de esperança para o produtor gaúcho, especialmente, após
esse devastador impacto das enchentes.
Através
do melhoramento genético, é possível desenvolver variedades de plantas que
não apenas resistem melhor às adversidades climáticas, mas, também, contribuem
para a sustentabilidade do solo e dos ecossistemas locais. O uso de sementes
mais robustas e resistentes gera um manejo mais assertivo e preciso, o que
torna toda o processo de plantio mais sustentável.
E
por quê? Com sementes de
genéticas superiores, a observância da germinação e de pragas promove
práticas de controle pontuais – quando necessário. Assim, o investimento e
desenvolvimento da pesquisa genética e de novas práticas de manejo cria, como
consequência, modelos de agricultura regionais que funcionam em harmonia com as
características de solo, de clima e da vegetação nativa desse local.
E
qual o impacto? Uma balança mais equilibrada entre a produção
de alimentos com a preservação ambiental, utilizando práticas que diminuem o
uso de recursos naturais e químicos, promovendo a biodiversidade e a saúde do
solo.
Essa
combinação é umas das chaves para, não só recuperar a agricultura gaúcha pós-catástrofe,
mas para estabelecer um novo padrão de produção agrícola que seja resiliente e
adaptável às mudanças climáticas. A implementação de culturas geneticamente
modificadas que toleram períodos de inundação ou seca como força, pode garantir
a continuidade da produção de alimentos em condições adversas.
Além
disso, a pesquisa genética oferece a possibilidade de melhorar o valor
nutricional das culturas, tornando-as mais benéficas para a saúde humana e
animal. Isso, combinado com técnicas de manejo que reduzem a dependência de
pesticidas e fertilizantes sintéticos, pode resultar em produtos agrícolas mais
saudáveis para os consumidores.
Essa
consciência pode proporcionar um impulso econômico vital para o RS, ajudando a
recuperar parte das perdas causadas pelas enchentes; e, a construir uma base
sólida para o futuro da agricultura no estado. Mas é essencial que haja
investimento contínuo em pesquisa e desenvolvimento na área de genética de
sementes e manejo sustentável.
Com o apoio de instituições de pesquisa, universidades e políticas públicas que incentivem essas práticas, a agricultura gaúcha pode não apenas superar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, mas também se tornar um exemplo de inovação e sustentabilidade no cenário agrícola mundial.
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